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3 Perguntas: Marioli Oliveira - Empreendedorismo Raiz

Mariana Oliveira (Marioli, desde o dia que tornou-se designer) é uma técnica em informática, analista de sistemas e designer gráfico que em 2017 começou a sua jornada no empreendedorismo. Há mais de 10 anos no mercado, sentia a necessidade de deixar um legado e se dedicar a um propósito que ia além de pagar as contas do mês. Feminista, juntou-se com Amanda Momente, amiga de infância, e juntas fundaram a Wonder Size: a primeira marca de roupa fitness voltada para a performance esportiva que veste do 42 ao 70. Trazendo modelagens exclusivas que interagem com o corpo gordo e tecidos de alta tecnologia, a marca tornou-se um estilo de vida para quem acredita que ser ativo e ter uma vida saudável vai muito além de um número em uma etiqueta.

Mariana Oliveira e Amanda Momente | Fonte: Centauro

O 3 perguntas hoje traz uma entrevista com a Marioli:


1) Atualmente, a expressão “empreendedor de palco” vem ganhando forças e desestimulando muitas pessoas a terem seus próprios negócios . Qual o papel dos empreendedores para mudar este cenário? Realmente muitos quando veem as figuras que representam o universo do empreendedorismo desistem antes mesmo de começar. Não se enquadrar no estereótipo "homem, cis, branco, de polo, com colete acolchoado e sapatênis", e não fazer parte de todos os círculos de network  e happy hours complica muito, principalmente se você for mulher.

O empreendedor raiz não é midiático. É aquele que abdica de muitas coisas da sua vida, que faz tudo o que precisar dentro da sua empresa (de tirar lixo a tomar decisões). Esse empreendedor não fica muito bem em revistas, ao menos que tenha algo extraordinário em sua jornada.

Realmente empreender no Brasil exige coragem, mas a forma com que a mídia o retrata, o torna uma coisa inalcançável, fazendo com que as outras pessoas já desistam antes de começar. Já leu uma Você S/A? Ou uma PEGN? Só mostra histórias de herdeiros, que puderam estudar fora, etc. Você se sente um lixo. Aquilo não é real. A mídia precisa mostrar o mundo real. Histórias de pessoas que de manhã não tinham caixa para pagar a folha, e ao final do dia, milagrosamente, conseguiam devido a ações com sua equipe. Isso é empreender. Nos próprios eventos os palestrantes são sempre as mesmas figurinhas carimbadas… Enfim, acredito que o ecossistema precisaria fazer uma análise profunda de como tem romantizado essa imagem, e como ela é prejudicial. Todas as vezes que temos palco falamos sobre isso, mas não é sempre que podemos. Na realidade, quando vemos esses figurões damos muita risada internamente e pensamos: que desserviço para a humanidade. No fundo dá uma mega preguiça, e preferimos continuar nossa jornada e inspirar pelo menos as pessoas que estão mais próximas em nossa rede, e que nos buscam como referência. Percebemos que no empreendedorismo feminino essa empatia e conexão acontecem de uma forma mais acolhedora, e fortalecemos como podemos outras mulheres, com aquela mão no ombro dizendo: não será fácil, mas você não está sozinha!

2) O que fez você decidir começar a empreender? Qual é o momento da sua jornada que você mais se orgulha? Comecei a empreender por duas razões: necessidade e porque queria deixar algo de real para a sociedade. Sempre senti que tinha de impactar as pessoas de alguma forma. Sabe quando você pensa em seu obituário? Quem foi fulano? Ele ajudou quantas pessoas?

Queria impactar outros humanos, principalmente mulheres, pois sei como é difícil ser uma.

ODS 5 | Fonte: nacoesunidas.org

Na Wonder encontrei essa possibilidade de mudar a vida delas além de trazer dignidade. Sobre a necessidade: eu tinha um sonho de crescer no universo corporativo, mas depois que você se torna mãe isso fica impossível, ao menos que você tenha uma rede de apoio muito forte (principalmente dinheiro para isso). Depois que perdi uma promoção por ter saído de licença maternidade (mesmo tendo trabalhado até as 36 semanas), e não consegui uma vaga em uma outra empresa por  avisar na ultima fase de entrevista que precisaria sair no horário para buscar meu filho no berçário, percebi que se quisesse dar algo a mais para ele, precisaria procurar outros meios. Tive de aprender na raça a empreender, e isso me mostrou que qualquer um pode fazer isso. Não precisa ter no sangue, ser de família empreendedora...Você precisa é ter vontade. A única coisa que eu tinha certeza era que sozinha eu não chegaria a lugar nenhum. Sou muito grata as pessoas que trabalham comigo e que em muitos momentos não me deixaram desistir. E também tem filho sabe... Que dá um sangue no olho, e faz você mover céus e terras. E continuar em sua jornada, mesmo com todas as adversidades.

Mariana e Antônio | Fonte: Acervo pessoal

3) A gestão de pessoas é uma área que exige muita atenção por parte dos empreendedores. Como gestora, o que você considera como prioridade em um momento de crise? Em um momento de crise acredito que a transparência e franqueza é fundamental, além de tentar manter a calma e traçar planos para todos. É importante todos saberem para onde a empresa está indo e como queremos chegar naquele ponto. É como um navio no mar: o capitão pode estar no meio de um nevoeiro, mas mesmo com muito medo precisa saber onde quer chegar e continuar firme em seu propósito. E sempre entender que sua equipe é composta por seres humanos, com suas historias, dores, etc., e que ter sensibilidade é fundamental para manter a sanidade de todos.

Mariana e Amanda | Fonte: Centauro

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