A arte, e claro, o design, são ferramentas importantes para o ativismo
"Same Old Shit", ou "sempre a mesma merda" - uma frase que demonstra tédio e repulsa ao que permanece o mesmo. Era esse inconformismo que Jean-Michel Basquiat mostrava em suas obras que faziam oposição ao que a tradição definia como arte, junto com as contradições e desigualdades da sociedade norte-americana da época.
Basquiat foi um nova-iorquino, nascido em 1960, que começou a prática artística nas áreas urbanas, principalmente em prédios abandonados que servem de tela para o grafite. Aos 17, o artista já mostrava que sua expressão artística não se limitava, sendo uma espécie de arauto da arte urbana como um canal para ideias.
Além disso, a linguagem de Basquiat usava cores fortes, rabiscos e até mesmo colagens para retratar faces e corpos humanos dentro da incoerente desigualdade social e racial dos Estados Unidos.
Mesmo sendo inserido e "catalogado" como precursor do movimento neoexpressionista, sua arte não se resume a isso. A comunicação de problemáticas sociais é feita por meio do uso da pintura brusca e caótica e até mesmo das cores intensas A mescla de técnicas, como rabiscos e gravuras - e até esculturas- também mostram que a sociedade está tão caótica quanto.
Qual é a ironia de um policial negro? Do título da obra de Basquiat partimos para ir até os dados sobre a sociedade em que o artista vivia há décadas. O racismo se projeta na brutalidade policial que atinge, sobretudo, pessoas negras, então por que se juntar a uma instituição que é motor dessa violência?
A arte, e claro, o design, são ferramentas importantes para o ativismo. Por isso, o posicionamento frente aos problemas sociais atuais nos permite também ser um canal para conscientização e impacto social. Assim como Basquiat deixou em seu legado.