Nutricionista vegana formada pela Universidade de São Paulo e ativista eco-consciente, Alessandra Lugilo compartilha ideais e caminhos para um estilo de vida sustentável e uma alimentação saudável sem a presença de produtos de origem animal.
Ela tem a sua própria empresa, chamada de Ale Luglio Nutrição, que presta consultoria para outras empresas do setor alimentício. Também apresenta palestras nas áreas de nutrição consciente, esporte, vegetarianismo e sustentabilidade, e ministra cursos de capacitação em vegetarianismo, se dedicando principalmente a projetos ligados ao impacto ambiental das nossas próprias escolhas alimentares.
Dessa forma, Alessandra busca difundir os benefícios e virtudes de uma dieta alimentar sem derivados de origem animal, alertando sobre a influência negativa dos mesmos para o meio ambiente. Em entrevista para LM, ela explica sobre sua trajetória como vegana e também sobre uma das principais campanhas da sociedade vegetariana internacional, o “Segunda sem Carne”, confira:
LM: Em que momento você decidiu aderir aos princípios do veganismo? Para você, como foi transformar seus hábitos para abranger um consumo sustentável e consciente?
AL:Eu digo que nasci vegana mas fui, ao longo de muitos anos, vítima da normalidade e coloquei alguns alimentos de origem animal na minha vida sem pensar demais sobre isso. A partir do momento que abri minha consciência e comecei a olhar um pouquinho mais sobre questões relacionadas principalmente às práticas da pecuária, compreendi que era totalmente inconsistente e inconcebível consumi-los pela minha própria moralidade, pois não queria continuar usando produtos que eram derivados de toda crueldade envolvida na pecuária.
Eu acho que isso corrobora com a relação que tenho comigo mesmo, como uma ativista que sempre fui pelas causas ambientais, defensora do meio ambiente e da saúde humana. Inclusive, esse é um ponto importante, pois entendi o quanto uma alimentação 100% à base de vegetais também era melhor para a minha saúde e para as pessoas que praticam. Então eu comecei pelos animais, entendi as questões ambientais, e em seguida entendi também as questões nutricionais. Por isso, hoje sei que a prática do veganismo e a eliminação dos alimentos de origem animal da minha vida e da vida de quem ajudo nessa transição é atitude menos egoísta e mais sustentável, porque reduz drasticamente a nossa pegada no planeta.
LM:Quais são os principais objetivos da campanha “Segunda Sem Carne”? De que maneira o projeto pode impactar positivamente a sociedade?
AL: A campanha “Segunda Sem Carne” já existe em mais de 40 países e veio para o Brasil através da sociedade vegetariana brasileira há mais de uma década! Seu grande objetivo é convidar as pessoas a passarem um dia sem consumir nada de origem animal e, com isso, provar novos sabores e repensarem seus hábitos, já que sabemos que um dia na semana para muitas pessoas não é algo tão proibitivo e distante da realidade. Então, essa campanha é para fazer um teste-drive mesmo e visa a reflexão do hábito de comer animais (que é mecânico), e sentir de verdade a leveza que traz um dia sem as gorduras saturadas em excesso e comendo mais vegetais, pois as pessoas vão automaticamente se propor a comer mais fibras e vegetais, tendo uma digestão mais leve e também se sentindo mais leve.
Essa sensação boa é convidativa para que a prática se mantenha e até se expanda para outros dias da semana, e esse é o grande objetivo da campanha.
Em relação à sociedade, a gente realmente promoveu o consumo mais consciente, a reflexão sobre os impactos ambientais e acredito que o impacto é a reflexão, abrir esse horizonte para que as pessoas possam praticar a redução do consumo de alimentos de origem animal, não só na segunda ou em um dia específico da semana, como mais e mais vezes ao longo de suas vidas, até quem sabe se tornarem vegetarianas.
LM: Como os ideais da comunidade vegana estão contribuindo tanto para o próprio bem-estar e a saúde dos indivíduos envolvidos, quanto para a comunidade?
AL: Primeiro, o veganismo é uma escolha baseada em princípios e valores morais e éticos, não é uma somente uma dieta. Então quando falamos de moralidade, empatia, compaixão, isso não deve somente ser voltado aos animais, mas também refletir em uma mudança da percepção individual de cada um para que esses pontos importantes do convívio em sociedade se reflitam também nas relações humanas e nas relações com o próprio planeta.
Então chamamos o veganismo de um ato não egoísta, ou seja, quando não olho só para mim e para o meu próprio prazer, e possuo uma escolha que muitas vezes até me tira da normalidade e praticidade do dia a dia, para que eu pense no outro: nos animais, na natureza, nos que passam fome e não tem acesso à comida por conta de um sistema de distribuição de calorias extremamente ineficiente e muito voltado ao gasto de grande parte de nossas terras aráveis para produzir comida para animais, e não pessoas. Quando olhamos por esse ângulo, temos uma atitude muito importante para o convívio em sociedade, pois são atitudes que extrapolam a relação com os animais e vão para todas as relações humanas e planetárias.
Através de suas mídias sociais, palestras e projetos, Alessandra Lugilo busca incentivar o consumo consciente, por meio de uma dieta alimentar saudável e sem o consumo de alimentos de origem animal. Acompanhe-a nas redes sociais para saber mais sobre o seu trabalho como nutricionista e ativista: https://lkt.life/AleLuglio.
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